A moradora de Sinop, Mara Weslaine da Silva Ferreira, de 21 anos, morreu na manhã desta segunda-feira (29), em razão do agravamento em seu quadro de saúde. Depois de uma maratona judicial que iniciou no dia 17 de maio, havia de conseguir uma cirurgia cardíaca, ela foi transferida para o Hospital São Matheus, em Cuiabá, no dia do seu aniversário, 24 de maio. Mesmo na unidade de referência para o tipo de procedimento que precisava, Mara morreu antes que a cirurgia fosse feita.
Na sexta-feira (26), o GC Notícias falou com a família da paciente. Segundo eles, foi descoberta uma infecção nos pulmões de Mara e a posição dos médicos foi de tratar primeiro a doença para depois proceder com a cirurgia.
Na tarde desta segunda-feira (29), a família, que mora em uma ocupação no Jardim Araguaia, em Sinop, buscava auxilio para transportar o corpo de Mara até Novo Progresso, sua cidade de origem.
Mara tinha um quadro de saúde delicado. Antes de atingir a maior idade, quando tinha apenas 17 anos, foi diagnosticada com lúpus – uma doença inflamatória autoimune, que pode afetar múltiplos órgãos e tecidos. No caso dela, particularmente os rins. Há dois anos veio o diagnóstico de doença crônica dialítica. No dia 9 desse mês, quando passava por uma sessão de hemodiálise, Mara sentiu uma forte dor no tórax e foi encaminhada para a UTI do Hospital Santo Antônio com o quadro de colicistite aguda. No dia seguinte passou por um procedimento e recebeu alta da cirurgia geral no dia 14.
O médico que atendeu a paciente abriu uma investigação para apurar um possível quadro de endocardite – que é uma inflação nas estruturas internas do coração. Os exames mostraram um aneurisma/dissecção aórtica. Esse distúrbio, frequentemente fatal, ocorre quando a camada interna da aorta – maior artéria do coração – se rompe e se separa da camada intermediária.
Mara precisava de uma cirurgia cardíaca urgente para reverter o quadro. Como a família não possui recursos para arcar com o procedimento, eles buscaram a justiça, através da Defensoria Pública. O processo foi aberto no dia 17 de maio e, no dia seguinte, o juiz da 6ª vara da comarca de Sinop, Mirko Gianotte, já tinha se manifestado sobre o caso.
A decisão liminar determinava que o Estado, através da secretaria de Saúde, providenciasse o procedimento. Mara, desde então estava internada no Hospital Regional de Sinop – onde não são feitas cirurgias cardíacas. A referência em cirurgias desse tipo na rede estadual de saúde é o Hospital Geral de Cuiabá e também o Hospital Estadual Santa Casa.
Desde o dia 18, quando a primeira liminar foi expedida, Mara não conseguiu uma vaga em nenhuma das duas unidades. Os médicos responsáveis pelas Centrais de Regulação desses hospitais apontaram completa lotação. No dia 23, o juiz Mirko Gianotte expediu um novo despacho. O mandato de intimação urgente determina que o Estado de Mato Grosso faça imediata transferência de Mara para o Hospital Geral de Cuiabá, sob pena de “responsabilização civil, criminal e administrativa na hipótese da paciente sofrer sequelas ou falecer em razão do descumprimento ou cumprimento tardio da citada ordem”.
Na noite do dia 24, Mara foi transferida, com uma UTI aérea, para o hospital da capital.
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