O registro de posse de armas de fogo triplicou em Mato Grosso nos últimos 5 anos, de acordo com os dados divulgados nesta semana pelo Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Os números correspondem a coletas feitas diretamente no Sistema Nacional de Armas (Sinarm) – uma base de dados mantida pela Polícia Federal que registra as armas de fogo ativas no país.
O estudo aponta que entre os anos de 2017 e 2022 – 2018 não foi contabilizado -, foi observado um aumento expressivo no número de armas registradas em Mato Grosso.
Em 2017, o total de armas registradas era de 19.978, enquanto em 2022, no último ano do levantamento, esse número saltou para 63.337. Isso representa um acréscimo de 43.359 armas nesse período, o que equivale à taxa de crescimento de 217%. Essa taxa é uma das maiores já registradas no Brasil.
Os dados mostram que o número de armas de fogo apreendidas no Estado de Mato Grosso apresentou uma ligeira queda de 2.299 para 2.251, considerando o comparativo entre os anos de 2021 e 2022. Essas apreensões incluem ações realizadas pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), Defesa Civil e Polícia Federal (PF).
Entre os anos de 2021 e 2022, houve uma redução de 2,8% nos casos de posse ilegal de arma de fogo, caindo de 1.118 para 1.102 ocorrências. Em relação às armas expiradas, houve um aumento no número de registros no mesmo período, passando de 39.469 em 2021 para 40.298 no ano passado.
Mato Grosso campeão de mortes violentas
Mato Grosso registrou mais de mil casos de mortes violentas intencionais (MVI) em 2022. O
O dado alarmante foi divulgado nesta quinta-feira (20), na 17ª edição do Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
De acordo com o documento, somente em 2022 foram exatas 1.072 mortes. Um aumento de 20% em relação ao ano anterior, quando foram registradas 889 ocorrências. Mato Grosso é o estado com a maior taxa de crescimento e ocupa a 16ª posição no ranking dos estados mais violentos.
A herança
O estudo indica que nos últimos 5 anos houve um crescente descontrole na política de armas de fogo no Brasil, iniciando em 2017, durante o governo de Michel Temer, e se intensificando significativamente a partir de 2019, na gestão de Bolsonaro.
“Apesar de existir uma percepção de que o recente crescimento na busca por armas de fogo no país começou durante o governo Bolsonaro, a realidade é mais complexa. Ainda durante o governo de Michel Temer foi criada a figura do porte de trânsito, conhecido no meio do tiro desportivo por “porte abacaxi”, diz o estudo.
“Em decretos editados ainda no primeiro semestre, em 2019, o governo modificou a classificação de calibres para permitir que a população pudesse adquirir armas que eram de uso restrito a forças de segurança e militares, pistolas calibre 9mm e revólveres calibre 357 passaram a ser de fácil acesso, incluindo alguns modelos de fuzis”, cita outro trecho do estado.
Cerco ao afrouxamento
Um novo decreto presidencial baixado nesta sexta-feira (21) proíbe a venda de três tipos de armas de fogo para cidadãos comuns e agora ficam restritas apenas para as forças de segurança. A medida é do Ministério da Justiça e faz parte de um pacote de ações assinadas nesta também nesta sexta-feira (21) pelo governo Lula (PT). A norma restringe as pistolas nove milímetros e ponto 40 e ponto 45.
Quem já possui essas armas, o que era permitido até agora, pode continuar com elas, mas o governo quer lançar, ainda este ano, um programa de recompra para recolher esses instrumentos, devido à alta capacidade letal. O decreto também transfere o controle das armas de fogo, no Brasil, para a competência da Polícia Federal.
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