Investigações da Operação Gravatas resultaram na prisão de Jéssica
Entre as descobertas feitas pela investigação da Polícia Civil que originou a Operação Gravatas está o fato de que a advogada Jéssica Daiane Maróstica atuava como “pombo-correio” entre presos e integrantes do Comando Vermelho que estão soltos. Ela usava seu trabalho como advogada para conseguir videochamadas com os detentos.
O relato sobre as atividades ilegais de Jéssica consta no inquérito policial, que detalha as ações dos quatro advogados que fazem parte do núcleo jurídico do Comando Vermelho. “(…) ressalta-se que o documento traz diversas condutas que precisam ser analisadas no contexto de uma organização criminosa em que o braço jurídico atua para facilitar o tráfico ilícito de drogas, associação ao tráfico, homicídios, torturas, dentre outros crimes praticados pelos faccionados”.
Em um dos casos listados no inquérito, um homem foi preso em Tapurah (433 km a médio-norte de Cuiabá) e um dos faccionados pede para que Jéssica use seu acesso ao sistema do Poder Judiciário para levantar as informações sobre o mandado de prisão. Esse mesmo faccionado também ordena que ela faça uma videochamada com um preso na Penitenciária Ferrugem, em Sinop (500 km ao norte).
“A intenção é utilizar a advogada como um elo de comunicação entre os dois criminosos, o que é ilegal. Ocorre que, após certa resistência de dra. Jéssica para concluir tal intento, ela logo se oferece para enviar recado de Robson para o citado preso. Demonstra-se, assim, que todos os advogados atuam como ‘pombo-correio’ entre os criminosos soltos e presos”, diz ainda a descrição sobre as ações da advogada.
“Desta forma, além de atuar como Advogada, conclui-se que a Dra. Jéssica Daiane Maróstica embaraçou investigações policiais, serviu como intermediadora de mensagens entre criminosos de alta periculosidade, auxiliou com informações sigilosas de processos que nem tinham seus clientes como parte e, ainda, mesmo ciente do crime de sequestro em andamento, isto é, que três pessoas estão amarradas e subjugadas por integrantes do “CV”, ela envia o resultado das pesquisas feitas em nome das vítimas para auxiliar a Orcrim em um ‘tribunal do crime’ em andamento”, descreve ainda o documento.
Operação Gravatas
Deflagrada em 12 de março, a ação policial teve como alvos quatro advogados e um policial militar. Eles realizavam a comunicação entre os líderes do Comando Vermelho e os integrantes da facção que estavam presos. Apenas um dos advogados atuou em 168 processos em que os réus eram ligados à facção.
De acordo com as investigações, os advogados agiam de forma ilegal para atrapalhar investigações, além de repassar informações policiais em tempo real para o Comando Vermelho, assim como auxiliaram na execução de crimes como tortura.
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