Enfermeiro há mais de 32 anos, Sadi Oliveira chegou nesta segunda-feira (20) à noite ao Rio Grande do Sul, estado assolado pelas chuvas, enchentes e transbordamento de rios e lagunas desde os primeiros dias de maio.
O objetivo de Sadi é doar um pouco do seu tempo e de sua experiência na área diante de um cenário de calamidade, que mesmo após tantos dias não apresenta sinais de melhora. Em quase 20 dias de situação caótica, mais de 60% dos municípios gaúchos foram atingidos, com mais de 150 mortes e quase uma centena de desaparecidos. O número de pessoas afetadas ultrapassa 2,3 milhões, e o de desalojados supera 617 mil.
“Percebemos que, com o passar dos dias, o número de voluntários reduziu, afinal, quem podia dar sua contribuição para aquela população também precisa retomar suas atividades normais em outras localidades. Mas ainda ficam agora muitas pessoas que precisam de respaldo, especialmente na saúde”, explica Sadi em entrevista ao Diário do Estado MT.
O que Sadi disse é uma preocupante realidade. O nível de mobilização cresce no pico das tragédias, mas a demora na volta da normalidade obriga um regime de revezamento. “Quero poder ser um exemplo para que outros profissionais da saúde de Sinop e de Mato Grosso também possam separar um tempo dos seus afazeres cotidianos e se deslocar ao Rio Grande do Sul. Os irmãos gaúchos estão precisando muito deste apoio”, afirma Sadi.
Após as enchentes cobrirem ruas e casas, deixando famílias ilhadas, a água que baixa lentamente deixa um rastro de sujeira e contaminação, tornando ainda mais necessária a presença de agentes de saúde. “Eu me apresentei na Defesa Civil de Porto Alegre e, provavelmente, serei encaminhado aos ambulatórios de saúde, fazendo todo tipo de serviço em enfermagem”, relatou. “A nossa missão é cuidar, dentro seja ou fora de uma unidade hospital”, completou.
Catarinense de Quilombo, Sadi de Oliveira traz experiência de 32 anos como enfermeiro, sendo 31 deles em Sinop, trabalhando desde então no Hospital e Maternidade Dois Pinheiros. Tem especialização em centro cirúrgico e saúde pública.
Como enfermeiro, conheceu muita gente ao longo destes anos e conhece de perto a luta diária daqueles que buscam uma vida melhor. Por isso, sempre se dedicou àqueles que mais necessitam, prestando diversos serviços à comunidade.
IMPACTO
NA SAÚDE
Levantamento realizado pelo Observatório de Clima e Saúde, do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), apontou que cerca de 3 mil estabelecimentos de saúde devem ter sido afetados pelas fortes enchentes que assolam o Rio Grande do Sul desde o início do mês.
Além do foco nas unidades de saúde, o mapeamento também buscou analisar imagens de radar, com o intuito de verificar manchas de inundação no estado. Com a análise, o mapeamento conseguiu obter estimativas sobre quantas instituições de ensino, comunidades religiosas, favelas e aldeias indígenas sofreram com os impactos do fenômeno climático.
Assim, o levantamento buscou compreender as condições atuais e cenários futuros de risco no estado a partir de dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES), da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), da Defesa Civil do estado, da Fundação Palmares, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), entre outras bases.
TV SUPER SINOP CANAL 7.1 / COM DIÁRIO DO ESTADO
